Vai longe a época em que Tangará da Serra foi focado como município educado no trânsito, inclusive com repercussão nacional, quando foi veiculada a foto de um cachorro atravessando a faixa de pedestres e motoristas esperando, numa grande revista semanal. Dez anos depois, com a frota de veículos quase quadruplicada, as tais faixas, que já foram motivo de orgulho, são as mesmas.
Atualmente, o município tem uma frota de 40 mil veículos trafegando por suas ruas, o que pede uma readequação do sistema de trânsito na cidade. No ano passado, algumas providências foram tomadas, como a modificação de mãos, por exemplo. Na íntegra, nada ou pouquíssimo mudou, já que os acidentes, principalmente, na área central e avenidas que a elas dão acesso, continuam. Uma das formas de se diminuir esse avanço na violência do trânsito é colocar aparelhos de contenção, como quebra-molas, rotatórias e semáforos. Este último, um pedido que vem ecoando entre autoridades, profissionais especializados e população. “Na época em que as faixas foram instaladas, eram apenas 12 mil veículos. Hoje, uma década depois, são 40 mil. O resultado são acidentes cada vez piores. O trânsito não é o mesmo. Manter as faixas com certeza, mas também colocar semáforos seria o mais correto”, pontua Vera Segatto, proprietária de uma autoescola tangaraense.
O pedido por semáforos não é só das autoescolas, mas também da Polícia Militar de Trânsito que atua diariamente no município e vê a problemática de perto. “Há partes críticas em Tangará da Serra em que há necessidade de semáforos, principalmente, em horário de pico, tendo em vista a grande quantidade de acidentes. A opção seriam rotatórias ou semáforos, mas rotatórias dentro dos padrões corretos, não como muitas que foram instaladas em Tangará. Os semáforos são necessários em locais como em frente aos Colégios 13 de Maio, 29 de Novembro, José Nodari e Airton Senna, por exemplo. E, ainda, nos encontros da rau 29 com a Avenida Ismael do Nascimento, onde há um fluxo maior de veículos e pedestres”, aponta a policial militar Tenente Vanessa Cícero de Sá, observando que o semáforo tem como objetivo controlar o trânsito.
Os policiais também criticam as rotatórias do município, como a da rua 29 atrás do Colégio 29 de Novembro. “Ali não houve engenharia de trânsito. A pista deve acompanhar a rotatória”, destaca.
Há alguns dias, o vereador peemedebista João Negão, procurou o Executivo municipal para discutir a implantação de semáforos, haja visto que ele notou ser um anseio da população, onde em sua pesquisa, 90 % dos entrevistados foram a favor da colocação de sinaleiros. Na ocasião, o prefeito Júlio César Davoli Ladeia disse que não seria interesse do município, instalar os semáforos, já que 'perderia' o título de cidade educada. Procurado pela reportagem do DS por várias vezes, o prefeito não quis se pronunciar. Disse apenas, através de sua assessoria, que não tinha interesse neste assunto.
Uma enquete feita pelo DS, chegou à mesma conclusão do vereador João Negão. E, quando procuramos especialistas no assunto, todos se disseram preocupados com o posicionamento do prefeito e com a crescente de acidentes no município, pedindo, portanto, a instalação de semáforos. “Enquanto há esse pensamento, a população é quem paga o preço, pois os acidentes estão aí todos os dias para comprovarmos”, destaca a Ten. Vanessa.
O taxista Antônio Alves também se queixa dos quebra-molas. “São irregulares. Não têm tamanho nem altura padrão e tamb´me não são sinalizados. Temos que adivinhar onde estão. Gostaria que os gestores do município fossem a outras cidades com trânsito organizado e seguissem um bom exemplo de algum lugar. Só as faixas, quebra-molas e rotatórias não seguram mais o trânsito tangaraense”, reflete.
NÚMEROS – No Samu, há uma média de 175 acidentes por mês. Muitos deles poderiam ser evitados com mais prudência e responsabilidade dos condutores, com uma sinalização adequada das vias e com a colocação de sinaleiros em certos pontos-chave da cidade. “ São vários locais onde há necessidade de semáforo. Como na Brasil com a Tancredo, por exemplo. Outra necessidade é de se fazer um trabalho sério junto aos motociclistas. Do número de acidentes que atendemos todos os meses, 90% são com motos ou motos e carros”, destaca o coordenador do Samu, Guilherme Garske, que chama a atenção para o custo de um paciente provindo de acidente. “Não dá pra medir. O Samu faz a parte mais fácil, resgata. Depois vem medicamentos, cirurgias, INSS, internamento, sequelas, enfim, os governos municipal, estadual e federal, além do acidentado, têm um grande prejuízo com os acidentes. O interessante é se evitar, prevenir”, pontua.
O DS fez uma pesquisa em sites especializados para ver os custos de semáforos. Os mais modernos, com sistema em LED, custam de R$ 1.700 a R$ 3.300, em empresas nacionais e estrangeiras. Em Tangará, o custo total de instalação de semáforos nos pontos referidos pela Polícia Militar, taxistas, autoescolas e cidadãos, ficaria em torno dos R$ 120 mil. Um custo ínfimo, principalmente, em relação ao que custa perder uma vida. Então, semáforos já! A população está pedindo e cabe aos gestores municipais repensarem seus conceitos, imediatamente.
LUCIANA MENOLI
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