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sexta-feira, 8 de abril de 2011

ARTIGO DE OPINIÃO

Para o Dia do Jornalista, as notícias que gostaríamos de veicular

Luciana Menoli

Choquei-me extremamente com a tragédia ocorrida numa escola do Rio de Janeiro no dia 07 de abril. A morte de crianças é sempre um choque e alvo de matérias jornalísticas que mexem e remexem na dor causada. E, juntos, choramos. Todo o país chora. Isso nos faz um remetimento à barbárie e a repensar em que espécie de 'civilização' vivemos e qual queremos.
Todos os dias, jornais, tevês, sites cheiram sangue e podridão. Se não com mortes estúpidas, causadas por uma simples briga no trânsito, por crianças estupradas ou mortas por seus próprios pais, pelas consequências do tráfico de drogas, que respingam em todos nós, por pessoas morrendo soterradas, em alagamentos, em terremotos, pela corrupção e pela sujeira na política como nossos representantes enxovalhando o nome de municípios e de instituições ou com um louco que, de posse de duas armas e muita munição, dispara contra crianças inocentes. Então, nos enojamos e, mais uma vez, choramos.
Enquanto a imprensa brada por justiça, clama providências, todos parecemos, na verdade, estar 'dando murro em ponta de faca', pois não vemos resultados neste clamor, simplesmente porque se fazem ouvidos moucos; e, justamente aqueles que deveriam ouvir. E não só ouvir a voz da imprensa, mas da população sufocada com tanta injustiça, violência, iniquidade.
Em meio à turbulência do massacre no Rio, olhemos para nosso umbigo. Tangará da Serra... Que cidade é essa, que somente numa quarta-feira, um dia antes do massacre, registrou cinco acidentes de trânsito? Nenhum com gravidade, ainda bem. Que município é esse, que todos o dias temos notícias de tráfico de drogas e vemos essa cena nas portas de nossas casas e vemos os mesmos criminosos que foram presos na semana passada serem libertados e presos nesta semana pelos mesmos crimes? Que lugar é esse, falido pelo poder público, que tem má fama em qualquer lugar onde andemos, pelos dos últimos administradores, um cassado e outro com diversos processos, em vias de cassação? Como podemos conviver com tantas falhas, com tanta violência, com tanta injustiça? Depois, dizem que estamos numa 'civilização'.
Penso que as pessoas envolvidas em crimes jamais tiveram (ou se tiveram se esqueceram) qualquer sinal de bondade nos seus corações. Se um atirador mata mais de um dezena de crianças, quantas matam políticos corruptos, que retiram dinheiro da saúde, da assistência social? E, simplesmente, para colocar em seus bolsos.
Esta semana, estava conversando com colegas de imprensa sobre o período da escravatura. Um deles disse espantado:”Já pensou que barbaridades aconteciam naquela época? Era muita violência!” Minha resposta foi retórica: “E as barbaridades que acontecem hoje?” Pois é, neste massacre a crianças que estudavam, inocentes, tivemos apenas uma mostra deste nosso mundo 'civilizado' e lá, na terra do samba, do Maracanã, da garota de Ipanema, 'protegida e abraçada' pelo Cristo Redentor.
Vivemos num país que muito sofreu nos porões da ditadura e na boca celada que a 'Revolução Militar' nos empurrou goela abaixo. Nos anos 60 e 70, o jornalismo se calou, se não por força de ato institucional, por força de bala, de tortura, de exílio. E, há pouco tempo, o governo Lula tentava aprovar uma lei que em muito se parecia com a censura que sofremos em décadas passadas. Ainda corremos este risco. E a estratégia de desobrigar o diploma para trabalhar na área jornalística? Mera liberdade? Não. Apenas mais um detalhe para facilitar a corrupção de pessoas sem a mínima ética profissional, como vários que se vendem a políticos que estão todos os dias emporcalhando as páginas de jornais (com várias denúncias) Brasil afora.
Bem, 07 de abril foi nosso dia, o Dia do Jornalista. E, diferente do que muita gente pensa (que gostamos de catástrofes e de escândalos para ter pauta para nossas matérias), gostaríamos de noticiar todos os dias que: vidas foram salvas; que os acidentes de trânsito caíram a zero; que crianças são bem cuidadas, têm educação, alimentação, carinho e saúde de qualidade; que temos uma previdência que ampara a todos nos momentos finais da vida ou em uma doença; que o asfalto de ruas, avenidas e rodovias está em ótimo estado; que todos têm alimentos em suas mesas; que o salário mínimo finalmente dá para cumprir tudo que a Constituição Federal reza; que não existem guerras no mundo, nem terremotos, nem tsunamis; que todos são iguais e que não sofrem preconceitos por sua cor, raça, etnia, religião ou orientação sexual; que todas as drogas foram incineradas e que traficantes e usuários estão reabilitados; que a dengue não mais existe no país; que o câncer e a aids tiveram suas vacinas descobertas; que o mundo está a salvo de catástrofes naturais, porque o ser humano está preservando o meio ambiente; que os únicos loucos são os apaixonados e não aqueles que massacram pessoas, crianças, países; e, finalmente, que a paz reinou no mundo e no coração de cada ser humano que forma os bilhões de viventes sobre a Terra. Isso que eu queria ver nas manchetes de amanhã e sempre...

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