Com a grande seca de 2009, a rizicultura sofreu um baque em Mato Grosso, com a queda da produção, o que, inclusive, vem acontecendo nos últimos seis anos. Como consequência, a indústria do arroz em Mato Grosso vem diminuindo sua produção e pede socorro ao governo estadual para não definhar ainda mais, já que os estoques atuais estão comprometidos, podendo haver desabastecimento caso as autoridades setoriais e públicas não cheguem a um denominador comum para tirar o segmento da aguda crise.
Segundo o presidente do Sindarroz, Joel Gonçalves, o setor já chegou a ter 93 indústrias cadastradas e hoje tem apenas 33. A queda vertiginosa foi registrada nos últimos seis anos. Isso porque está ocorrendo um processo de esvaziamento do parque industrial do setor no estado.
Mato Grosso já chegou a ser o segundo produtor de arroz do país, atrás apenas do Rio Grande do Sul, mas caiu para a quarta posição. O arroz é, aliás, o único produto que só sai do estado industrializado, passando por todas as etapas produtivas, sendo exportado, principalmente, para a região Nordeste. Não é difícil, nos supermercados pernambucanos encontrarmos marcas como a do arroz Kumbuca, por exemplo, entre outras mato-grossenses.
De acordo com João Alberto dos Santos Almeida, proprietário do Arroz Kumbuca, sediado em Tangará da Serra, as dificuldades da indústria do arroz hoje são reais. “Tivemos que cortar nosso turno pela metade. Trabalhávamos 24 horas, agora são 12. O arroz mato-grossense está muito caro, sai mais barato importarmos do Rio Grande do Sul, pois o valor do produto lá é menor do que em Mato Grosso, devido à baixa produtividade em nosso estado nos últimos anos”. João destaca que o problema não deve acarretar alta de preço ao consumidor final, já que o arroz vindo do Sul, como é mais em conta, acaba se equiparando nos valores, mesmo sendo importado de outro estado. “A qualidade do produto também não é afetada, já que o arroz do Sul é excelente”, completa.
Em outras cerealistas tangaraenses, a realidade é a mesma; idêntica, inclusive, a várias indústrias de Mato Grosso.
INCENTIVO - A preocupante situação da cadeia produtiva do cereal, segundo Lorga e Gonçalves, assessor do Sindarroz, está fundamentada nos programas de incentivo concedidos pelo governo estadual. No governo de Dante de Oliveira (PSDB) foi criado o Pró-arroz, com medidas específicas para o setor, que teria dado o grande ‘impulso’ do desenvolvimento. Com o início da gestão de Blairo Maggi (PR), foi criada uma nova ferramenta, o Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Mato Grosso (Prodeic). “Mais amplo, com benefícios fiscais generalizados a vários segmentos”, comenta o assessor sindical.
Ele acrescenta que, por conta disso, houve muita resistência do setor em aderir ao Prodeic. Além do mais, a produção agrícola de arroz está na entressafra e o governo federal deixou de manter os estoques reguladores para distribuir em situações como essa.
Desta forma, membros do Sindarroz-MT procuraram a Secretaria de Fazenda do Estado (Sefaz) no final de setembro com objetivo de discutir e sugerir soluções junto à pasta. Duas medidas foram demandadas oficialmente, em carta protocolizada junto à Sefaz. Uma delas é a isenção provisória de ICMS na entrada de arroz em casca em MT, até 30 de dezembro, já que o arroz que é beneficiado hoje no estado vem do RS.
O arroz em casca seria trazido, além do Sul, de estados vizinhos e até do Paraguai, onde se plantam sementes criadas em Mato Grosso.
Outra medida solicitada, que ajuda o setor em médio prazo são mudanças no Prodeic no que se refere à comercialização de produtos com cláusula CIF, em que o fornecedor arca com custos de transporte. “A Sefaz está sinalizando de maneira positiva para atender nossas reivindicações. É uma questão de sobrevivência da indústria do arroz em Mato Grosso”, pontua o presidente Joel Gonçalves, aguardando uma posição definitiva do executivo estadual.
LUCIANA MENOLI
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