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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Ambientalistas rebatem bancada ruralista: Não há 'paranoia ambiental', há mudanças reais no clima

LUCIANA MENOLI – Redação DS

Procurado pelo DS no último final de semana, o ambientalista e secretário municipal de Meio Ambiente de Tangará, Luiz Alberto Pereira, disse que a bancada ruralista não está aberta ao diálogo e ao debate e que seu principal objetivo é o lucro, em detrimento à qualidade de vida e à sobrevivência de diversas espécies. “Estamos vivendo a realidade de mudanças climáticas. Não precisamos citar outros locais, podemos ver as diferenças de temperatura em Tangará da Serra de 15 ou 20 anos para cá e também da quantidade de chuvas”, iniciou sua contestação, o secretário.
No último sábado, em reunião com produtores rurais no tatersal do Parque de Exposição de Tangará da Serra, para explicar o que a bancada ruralista pretende expôr para a aprovação do novo Código Florestal brasileiro, o deputado federal Homero Pereira acusou a bancada ambientalista do Congresso, bem como Ongs do segmento, de terem formado no mundo e no país uma 'paranoia ambiental' e salientou que as mudanças climáticas seriam inevitáveis, mesmo sem as mãos do homem sobre o meio ambiente, pois “desde que o mundo é mundo, sempre foi assim, senão, ao invés de bois, conviveríamos com dinossauros nos dias de hoje”.
Segundo o secretário de Maio Ambiente, não existe 'paranoia ambiental', existem as consequências de nossa ações. “O debate sobre o clima é sistêmico no planeta e ninguém questiona que estão ocorrendo mudanças irreversíveis. Não há como debater com os ruralistas, quando o assunto é colocado nesses parâmetros. Isso não é criação dos ambientalistas, a mudança do clima é realidade”, sentenciou Luiz Alberto, chamando atenção para a discussão em torno do Código Ambiental. “O que os ruralistas querem é uma retração na APP de córregos e rios, que hoje é de 30 metros. Essa vegetação é uma proteção dos mananciais. Os ruralistas querem que baixe para 15 (ouvi até 7,5 m), o que será uma grande perda de flora e fauna que vivem ao longo desses locais”, alertou.
Luiz Alberto ainda não concorda com a questão da produção como colocada pelo deputado federal, em que dizia que há uma demanda grande por alimentação no mundo e que os produtores não podiam parar de produzir por questões ambientais. O secretário diz que essa produção, principalmente em Mato Grosso, não é de alimentos para a subsistência e que os pequenos produtores, que fazem um manejo sustentável, é que produzem o alimento. “Mato Grosso é um dos maiores produtores de grãos do mundo. Coloquemos como exemplo a  soja. Quem se alimenta de soja diariamente? Temos que ver direito o que é produção para alimentação humana. Quem produz mandioca, maracujá, feijão, milho para alimentação são, principalmente os pequenos, pois os grande produzem a soja”, atacou. “Temos que deixar então, se a questão é produzir comida, dessa monocultura da soja, e partir para a policultura, com cultivo de alimentos”, completou, Luiz Alberto, que também é membro do Partido Verde (PV) tangaraense.
O ambientalista também discorda da forma como o deputado se dirigiu ao financiamento de Ongs e governos estrangeiros concorrentes a políticos e grupos brasileiros com interesse em minar a produtividade do país. Segundo ele, todos esses grupos, como Greenpeace e WWF, têm representantes brasileiros e se preocupam com a questão ambiental como um todo.
O CÓDIGO -  A briga principal de ruralistas e ambientalistas gira sobre a ampliação das Áreas de Proteção Permanente (APP). Hoje, o estipulado no Código, é que a reserva legal em área de cerrado seja de 35% e de Floresta, 80 %. Os ruralistas querem diminuir essa porcentagem. De acordo com Alberto, o maior problema ainda é se o novo Código der autonomia aos estados, em que dependendo do entendimento de cada governo o Código Florestal Estadual poderá ser um verdadeiro desastre, com mais e mais desmatamentos e perda de áreas de preservação. “O meio ambiente já pagou caro por erros de governantes passados, como quando foi aberto o 'vale-tudo' na colonização de MT, nos anos 60 e 70, e já havia o Código Florestal, que é de 1965, mas ninguém respeitou. Agora, não podemos pagar novamente pelos erros de nossos governantes”.
Alberto ainda disse que o ideal é que políticos, ambientalistas e ruralistas sentassem para uma discussão aberta, sem radicalismos para ver o que realmente importa, discutindo produção, alimentação, o bem-estar da humanidade, sua saúde, a qualidade de vida, da água, o que é financeiramente viável. “Tem que haver divergências, mas também pode haver um consenso inteligente entre todos os representantes. Basta nos despirmos dessas 'capas' e partirmos para um debate aberto. As pessoas não precisam só de dinheiro para viver”, concluiu o secretário.

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